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Transexual agredida em casa noturna diz ter sido vítima de homofobia em Corumbá


O corte na testa é o resultado que Rafaela Morrone Gonzaga de Morais, de 28 anos, apresenta após ser vítima de agressão causada pelo o que considera ser homofobia dentro de uma casa noturna de Corumbá, na madrugada de sábado, 25 de agosto. A transexual foi atingida por uma latinha de cerveja jogada por um homem que ela não conhece, dentro do estabelecimento, enquanto conversava com o proprietário do local sobre o uso do banheiro feminino.

Rafaela que estava na casa noturna para comemorar a retirada de novos documentos que lhe garantiram a troca de nome, diz que ficou surpresa com as situações ocorridas sequencialmente, causando-lhe constrangimentos.

Nascida em Campo Grande, mas registrada em Ladário, onde viveu até os 18 anos de idade, a jovem estava em Corumbá para buscar sua nova certidão de nascimento aprovada por um juiz da comarca de Brasília, cidade onde mora há 10 anos.

"Eu marquei pra ficar na cidade uma semana porque pensei que ia demorar mais a retirada já aprovada em junho, mas no outro dia ficou pronto. Daí, acabei ficando e resolvi sair no final de semana para comemorar o meu novo documento e o aniversário de minha amiga também", disse em entrevista ao Diário.

A transexual, que faz acompanhamento psicológico há vários anos no Hospital Universitário de Brasília e está numa lista para realizar a operação de troca de sexo, contou que já havia naquela noite usado o banheiro feminino por duas vezes até ser impedida por uma funcionária de voltar a utilizar o espaço.

"Não senti nenhum tipo de constrangimento por parte das mulheres, pelo contrário, foram muito cordiais, vinham conversar comigo. Até que essa funcionária disse que eu não poderia mais entrar ali, que deveria usar um terceiro banheiro, e eu a contestei dizendo que até um juiz tinha me reconhecido como mulher porque ela não?", contou ao lembrar que a funcionária disse que essa seria uma determinação do proprietário da casa noturna a quem Rafaela foi buscar esclarecer a situação.

"Ao contar o que havia acontecido, ele disse que não havia dito a ninguém para me impedir de entrar no local e então solicitei que ele fosse comigo até o banheiro para resolver o caso. Quando estávamos indo ao banheiro, um rapaz me parou para fazer um elogio e nisso um garoto que estava no camarote onde o dono da boate estava, atirou uma lata de bebida na minha testa", relatou Rafaela que diz desconhecer o agressor e os motivos que o levaram a atirar-lhe uma lata de bebida.

Rafaela ainda diz que o dono do local não prestou socorro a ela. A transexual afirma que relatou ao proprietário que foi agredida com a lata, mas ele disse que não faria nada com relação ao agressor. Nesse momento, segundo relatos de Rafaela, ela comunicou que procuraria a Polícia.

Já no distrito policial, ela se encontrou novamente com os envolvidos no caso: o proprietário, as funcionárias e o agressor. Ela afirma que vai entrar com um processo judicial contra o estabelecimento por "homofobia, preconceito e danos".

"Eu fui ferida lá. O mínimo que eles deviam ter feito era me prestar socorro e eles não fizeram nada. Isso tudo está sendo muito humilhante pra mim, mas eu não vou deixar barato. Meu intuito é que se isso vier a acontecer com outras pessoas, que elas não se calem. O pior de tudo foi não ser socorrida, ser tratada como se eu fosse a causadora do ocorrido, sendo que eu não fui. Geralmente as pessoas marginalizam travestis e transexuais e nunca eu me envolvi em algum tipo de briga", ratificou a transexual que fez exame de corpo de delito nesta segunda-feira, 27 de agosto, e deve retornar esta semana para Brasília.




Empresário afirma que não é preconceituoso e agressão foi problema entre rapaz e transexual

A reportagem do Diário procurou o proprietário da casa noturna, José Roberto Corrêa Martins que deu sua versão sobre o ocorrido. De acordo com o empresário, ele foi abordado por Rafaela no camarote e lhe contou o ocorrido no banheiro. Quando ele estaria se dirigindo até o banheiro, foi novamente abordado pela transexual que disse ter sido acertada por uma lata, porém não deu mais detalhes a ele do fato. Já no banheiro, o proprietário foi informado pela funcionária que Rafaela das vezes que esteve no local teria feito brincadeiras de mau gosto com as mulheres que estavam no local.

"Minha funcionária chegou a pedir os documentos dela na entrada do banheiro e ela não apresentou, dizendo que era muito mais mulher do que a funcionária. A entrada dela foi barrada porque tinha chegado informação para minhas funcionárias de que ela estaria constrangendo as pessoas dentro do banheiro. Se ela havia conseguido entrar duas vezes não iam impedi-la de entrar de novo, então foi alguma coisa que ela fez que gerou tudo isso", contou o empresário, que afirma que mesmo assim, após conversar com os funcionários, liberou a entrada da transexual.

"Ela estava bastante alterada e dizia a minha funcionária que ela era muito mais mulher e mais bonita do que ela. Na delegacia ainda pedi para realizar teste de alcoolemia em mim, na minha funcionária, e nela, mas acabou não sendo feito. O que aconteceu foi um desentendimento entre ela e o rapaz que atirou a latinha, tanto que há um boletim de ocorrência registrado pelo rapaz confirmando que foi ele quem jogou a latinha devido a atitudes que ela vinha tendo com ele naquela noite", comentou Beto, como é conhecido o empresário.

No documento policial registrado pelo rapaz, ele afirma que foi vítima de assédio por parte de Rafaela e que isso teria sido presenciado por testemunhas arroladas no boletim de ocorrência. Na terceira investida de Rafaela, quando ela teria pegado na mão e tentado puxar o rapaz, este teria arremessado a lata contra a transexual.

Apesar de ter o nome citado no caso e afirmar que a todo o momento a transexual depreciava com palavras pejorativas seu empreendimento, o empresário José Roberto afirmou ao Diário que não tem intenção de tomar medidas judiciais contra Rafaela.

"Ela quer falar que tenho preconceito, tanto não tenho que fui com ela até o banheiro resolver a situação que ela me comunicou, tanto não tenho que nessa semana tenho agendado um show com travestis na boate. Pedi desculpas a ela em nome de terceiros pelo fato de ter acontecido dentro do meu estabelecimento, mas deixei claro a ela que não posso tomar alguma atitude contra a pessoa que a agrediu, isso cabe a justiça", disse ao rebater as acusações de que não prestou socorro à vitima.

"Ela não pode fazer o boletim de ocorrência contra a minha casa noturna porque eu estava na delegacia, algo que foi explicado a ela pela delegada. Não sei qual a real intenção dela com tudo isso, envolvendo a casa num problema que ela teve com uma pessoa específica", disse o empresário.

Anderson Gallo/Diário Online


Fonte : site midiamax
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